terça-feira, 28 de setembro de 2010

Entrevista com Bianka Frota, estilista da marca Mob.

“A MOB é uma marca de moda voltada inteiramente para aquilo que chamamos de mulher de verdade:  aquela que é polivalente – profissional, mãe, dona de casa, namorada, menina, um rojão - , que usa a razão e a sensibilidade na hora de construir seu armário, investe em moda porque sabe o quão importante é ter roupas de qualidade, confortáveis, descoladas, que a valorize.”

Bianka Frota, 37 anos, é formada em moda pela faculdade, Santa Marcelina, e pós-graduada em Marketing pela ESPM. Ela é uma super mulher, mãe de Rafaella, 7, e Mariana, 4, ela atua como estilista há 16 anos. Seu histórico de trabalho é muito requisitado, já trabalhou na Opera Rock, Fillity, Linda de Morrer e atualmente cuida de todo segmento casual da MOB, no Tecido Plano e Malharia.Ela é bastante detalhista, perfeccionista e incansável ao desenvolver as coleções, encara sempre como um desafio superar coleções anteriores. Bianka procura traduzir em suas criações a identidade da cliente da marca. “ Nossa cliente é uma mulher urbana, que precisa de uma roupa versátil que permita que saia do trabalho diretamente para um happy hour sem perder o estilo.”
A.L ( Aline Lorena) - Você é estilista da MOB há quanto tempo?
B.F ( Bianka Frota) -
Há 2 anos e meio

A.L - O que você acha mais diferente da moda do exterior para a moda brasileira?
B.F
- Somos criativos, coloridos e nossa roupa é mais descontraída, mais leve e mais fresca.

A.L - Em uma entrevista, a editora da Vogue Itália, Franca Sozzani, declarou “Não vejo um estilo brasileiro definido”, você concorda? A moda brasileira não tem um estilo definido?
B.F -
Eu não acredito num estilo definido em lugar nenhum. Graças a Deus podemos mudar, reciclar, mixar romântico com militar, étnico com barroco, e é isso que eu acredito ser moda. Esse exercício nos faz conhecer melhor nosso próprio estilo e nos liberta dos padrões antigos da moda.

A.L - A moda hoje é criada visando questões sobre a sustentabilidade, pois os estilistas são grandes formadores de opiniões. Você sendo uma estilista e, portanto formadora de opinião, o que é ser sustentável para você?
B.F
- É pensar num modo de minimizar processos poluentes, trabalhar com matérias primas e materiais como corantes naturais. Acredito que a Indústria Têxtil esteja aprimorando cada vez mais seus processos de reciclagem e manufatura, porém, ainda é muito pequena a participação da indústria da moda na sustentabilidade do planeta. Na hora de adquirir um produto, o cliente não decide a compra pelo motivo do produto ser sustentável ou não. O estilo e o visual ainda são os mais importantes na maioria das vezes.

A.L - Como você transpassa isso para as suas coleções da MOB?
B.F -
Escolhendo como fornecedores de matéria prima empresas que tenham esse pensamento e esse processo menos poluente. Usamos malhas com fibra de bamboo e viscolinho, por exemplo.


A.L - A MOB faz algum desenvolvimento têxtil? O desenvolvimento é dentro ou fora dela? Como ela faz?
B.F - Sim, desenvolvemos muitos tecidos e malhas na China, Índia e Taiwan. Apresentamos amostras compradas na Europa e EUA aos nossos fornecedores e eles desenvolvem as mesmas em fábricas com maquinário adequado. Desenvolvemos também toda a parte de estamparia, na Espanha, Itália e aqui no Brasil.


A.L - Ela trabalha com matéria primas sustentável?
B.F - Existem algumas malhas feitas com garrafas PET, mas ainda não trabalhamos com as mesmas.


A.L- Existe uma ordem cronológica?
B.F - Sim, primeiramente definição de um caminho ou tema a seguir, cartela de cor, escolha das matérias primas principais, pesquisa do comportamento para a estação, pesquisa de modelos e looks, desenvolvimento dos produtos, aprovação das peças pilotos, produção, entrega e distribuição nos pontos de venda.


A.L - Você recicla seu material Têxtil?
B.F - Não deixamos sobras de material têxtil. No corte tudo é muito aproveitado e se sobram retalhos, fornecemos para ONGs que trabalham com patchwork.


A.L - Você trabalha com algum material diferente, novo, ou tem algum material que você gostaria de estar trabalhando e ainda não teve a oportunidade?
B.F - Como temos facilidade no desenvolvimento de matéria prima, trabalhamos com muitas coisas novas a cada coleção.
 A.L - O que você como estilista acha que a indústria têxtil precisa para desenvolver novos tecidos?
B.F - Investimento, tecnologia e garantia de venda para novos produtos.


A.L - Existe alguma empresa que você conheça que tenha mais facilidade com esse desenvolvimento?
B.F - Temos boas opções nacionais, HJ, Kalimo, Santa Constância, e temos muitos importadores disponíveis para desenvolvimentos.


A.L - Como você faz para diferenciar as suas coleções dos outros estilistas?
B.F - Trabalhamos com uma identidade bem própria da marca, isso já a diferencia dos demais. Fazemos muitas pesquisas internacionais, de moda e comportamento, temos sites de pesquisa como WGSN, mas tudo depende de uma grande dedicação e grande aprofundamento no que se faz para ficar realmente diferenciado. Tudo que é superficial é fácil de ser copiado e encontrado, tudo que demanda tempo, cuidado e capricho fica autêntico e diferenciado. É assim que eu penso e faço minhas coleções.


Por Aline Lorena


Créditos: MOB Mag